quinta-feira, 26 de março de 2009

Equipe: "Não há diferença"


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Pobre ou rica, branca ou negra, a dor é a mesma.

 

A violência contra a mulher é um assunto que precisa ser tratado com seriedade. Pois, trata-se de um fenômeno generalizado que não distingue raça, classe social ou religião.

A essa violência dar-se o nome de violência de gênero, ou seja, violência na qual a mulher se “submete” ao homem pelo simples fato de ela ser mulher.

Como dizem muitos teóricos “a mulher não nasce mulher ela se torna mulher”, onde a sociedade e a cultura desta que vão determinar no seu comportamento. O homem na visão cultural tem o papel de dominador e a mulher muitas vezes de submissa, essa visão é a responsável pelo aumento do índice de violência contra mulher na atualidade.

Um fator que nos deve também preocupar é a impunidade dos agressores, mesmo com a Lei Maria da Penha, muitas mulheres se sentem oprimidas em prestar queixa e as que fazem quase nunca os casos que terminam nos tribunais. Assim, na nossa óptica esses crimes reside no fato de não ter uma sensibilização da sociedade, onde ainda vinga a idéia de que “entre marido e mulher não se deve meter a colher”. Essa visão individualista faz com que aumente o índice de dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade em público ou na vida privada, assim como castigos, maus tratos, pornografia, agressão sexual, incesto e muitas vezes a morte.


Entrevista

Equipe: Írmina Lopes, Mariana Strappa, Julie Nascimento, Alana Santos e Larissa Carneiro


Local: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) – Camaçari- Bahia

Entrevistada: Eulina Maria dos Santos Santana.

Cargo: Escrivã.

 

 

1. Qual a agressão contra as mulheres que ocorre com maior freqüência?

E.M.S.S: Ameaça. Ameaça de morte. Depois vem a lesão corporal.

 

2. As ocorrências tem maior incidência com mulheres negras ou brancas?E elas se enquadram em qual classe social?

E.M.S.S: Negras (pausa). Com certeza. Inclusive, com a classe econômica mais baixa, acho que seja por uma questão de educação mesmo.

 

3. Qual a prioridade na hora do atendimento as mulheres?

E.M.S.S: Caso elas cheguem lesionadas, a primeira prioridade é leva-las ao hospital. Depois, as mesmas retornam e prestam sua queixa.

 

4. Há incidências de mulheres, que após a denuncia tirem a ocorrência? E porque isso acontece?

E.M.S.S: Sim. Pois, em alguns casos, elas vem aqui só para uma conversa, uma orientação.

 

5. Qual a aplicação da pena para os agressores?

E.M.S.S: Se for pego em flagrante, é diretamente preso. Caso não seja em flagrante, ele é chamado para um interrogatório, prestar um depoimento e, em alguns casos, é encaminhado ao fórum.

 

6. Comente sobre as mudanças que ocorreram depois da aplicação da Lei Maria da Penha.

E.M.S.S: A partir da Lei Maria da Penha, o aumento de casos de denúncia foi bastante visível. Estima-se que as “agredidas” se sentiram mais protegidas para denunciarem seus agressores. Depois da lei aplicou-se uma medida de distanciamento entre ambos.

Equipe: "Ofensas sonora"


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                 Violência Contra Mulher               

Ofensas Sonoras

 

Há um vasto repertório com letras que ofendem a integridade física, psicológica, social e intelectual da mulher, e consequentemente incitam à violência. As músicas com conotação pejorativa podem até não se enquadrar no código penal brasileiro, mas indubitavelmente lesam a moral e reproduzem o estigma de inferioridade e subordinação da mulher em relação ao homem.

Se na contemporaneidade as mulheres não são mais obrigadas a viver em circunstâncias de subserviência, são constitucionalmente reconhecidas e protegidas como cidadãs. Seguramente essas conquistas se devem à luta incessante da mulher, e claro que jamais deve deixar de ser lembrado o dia 08 de março de 1857 quando mulheres foram trancadas numa fábrica de tecido, situada em Nova York - Estados Unidos, e queimadas vivas por reivindicarem melhores condições de trabalho.

As músicas como "tapa na cara”, "tapinha", "eu beijo ela vestida pra comê pelada" são algumas de um vastíssimo repertório de músicas que podem até ter um ritmo envolvente, mas as letras banalizam a violência contra mulher, atentam contra integridade das mesmas, além de serem impregnadas de uma forte conotação sexual.

Já dizia o filósofo francês Jean Paul Sartre “a violência sob qualquer forma que se manifeste é um fracasso”. Portanto, essas músicas que ofendem a mulher são irrefutavelmente mais fracasso que afeta não só as mulheres, mas toda a sociedade. A história de luta das Mulheres que foi construída de forma brilhante ao longo dos tempos não pode, nem deve ser afetada com essas músicas, isso indiscutivelmente é um retrocesso.


Entrevista

Equipe: Mirian, Josi Mirele, Elânia, Vanize, Isana

Aurenita Ferreira Nunes Castilho, 54 anos, é pedagoga e por mais de 6 anos foi professora da rede municipal de ensino, que responde pela gestão da Secretaria da Mulher, merecem citação os projetos Mulher Cidadã e a capacitação das baianas de acarajé. Realizou a Feira da Mulher e inseriu no calendário de atividades de Camaçari a Marcha da Mulher além da 1ª Conferência Municipal de Política para as Mulheres, Marcha de Mulheres A secretária da Mulher, e anunciou obras e projetos para 2009. Estão previstas a ampliação dos serviços oferecidos na orla e a construção do Centro de Referência da Mulher Yolanda Pires. O local irá garantir orientação jurídica, atendimento psicológico, oficinas, palestras e atividades lúdicas.

Mostrando muito equilíbrio e conhecimento, Aurenita respondeu as perguntas que lhe foram feitas, pelas Discentes do Curso de Bacharelado de Ciências Contábeis da UNEB do Campus XIX Camaçari,, que classifica esta, como uma das melhores entrevistas, em termos de segurança do entrevistado em suas respostas e paixão pelo trabalho.

                                                      

Discentes: Como ocorreu o convite para a senhora ocupar  o cargo de Diretora da Secretária da Mulher na cidade de Camaçari? A senhora já almejava por esse convite?

Srª Aurenita Ferreira: Já vinha trabalhando na área de assistência na Casa da Criança, onde realizei um bom trabalho, participei do movimento político como Candidata por duas vezes, pois acredito que a mulher deve ocupar um cargo político e realizar benefícios através dele para fortalecer e ajudar o movimento feminino a se libertar da violência e da falta de oportunidade que a mulher sofre em virtude da discriminação no mercado de trabalho, as mulheres devem se unir e buscar a oportunidade de se mostrar no cenário como um ser forte que é demonstrando suas habilidades e competência. Não posso dizer que não, pois a Secretaria era uma conquista que há muitos anos era aguardada pelas mulheres de Camaçari e com muito apoio do prefeito Caetano no seu governo em prol do povo de Camaçari, esse sonho se realizou.

Discentes: Qual a  análise que a senhora faz da situação da VCM, na cidade de camaçari, antes da Secretaria ser inaugurada.E hoje, como as denuncias se encontram?

Srª Aurenita Ferreira: Bem, no começo as mulheres tinham vergonha de fazerem as denuncias e quando isso acontecia pouco tempo depois elas voltavam para retirar as queixas, pois faziam as pazes e o seu agressor prometia mudanças. Mas isso quase sempre durava pouco tempo e logo elas retornavam agredidas e dispostas a mudanças a qual oferecíamos orientação psicológica, jurídica, algumas vezes abrigo, alimentação, medica, e houveram outros casos em que tivemos que mudá-las de cidade, e ate o momento apenas uma foi assassinada. Aqui não obrigamos que a mulher faça qualquer coisa, orientamos e apoiamos de acordo com o que a justiça permite. Agora com a Delegacia e a Lei Maria da Penha não se pode retirar as queixas e com isso diminuiu  as ocorrências de agressões.As mulheres estão mais corajosas a denuncia e buscar seus direitos.

Discentes: Como ocorre a capacitação e a orientação dos funcionários da Secretaria para recepcionar essas mulheres que chegam agredidas.?

Srª Aurenita: A orientação e a capacitação são fundamentais, mas alem disso exijo que todos recebam a pessoa, ou a família ou ate mesmo aquele que vem denunciar com sorriso e humanidade. Pós são os contribuintes que pagam nossos salários e não tem culpa da agressividade a qual esta sujeitada. Muitas dessas mulheres se sujeitam a violência por não terem condições de sobrevivência, analfabetas, sem emprego, com filhos, e às vezes sem familiar. Então não estamos aqui para julgar e sim para ajudá-las a resolver seus problemas.

Discentes: Com base nas necessidades das mulheres agredidas, do município, quais as primeiras ações a serem tomadas?

Srª Aurenita: O município de Camaçari é uma cidade que recebe muita gente de fora. Nós temos uma migração muito forte. E por conta disso os problemas sociais são muito grandes. As pessoas vêm para cá em busca de emprego, mas muitas vezes, pela falta de qualificação, não conseguem se empregar. Com isso ficam vivendo em condições sub-humanas, sem ter onde morar, crianças ficam a mercê da fome e da violência, pais de família em subempregos ou em sem emprego nenhum. Por tudo isso Camaçari é uma cidade que tem problemas sociais muito graves, mas que também não justifica a violência, por isso o primeiro passo é analisar a situação inicial da agredida e encaminhar aos setores competentes, a delegacia, e orientação psicológica, psicopedagoga, jurídica, e capacitar essas mulheres para que elas possam manter sua sobrevivência e inserir no mercado de trabalho.

Discentes: Assim como existem vários tipos de violências, há também diferentes tipos de punir o agressor?Qual o tipo de violência mais freqüente ocorridas no município?

Srª Aurenita: Com certeza vamos procurar trabalhar agregando todo esforço e trabalho existente com a delegacia, onde ira prever qual a determinação judicial deve classificar essa VCM, o agressor pode receber de uma intimação uma conversa com a psicóloga até mesmo voz de prisão de acordo com o grau da violência. Aqui na Secretaria a violência mais freqüente é a psicológica, enquanto Já delegacia da mulher os atos mais graves são registrados com mais freqüência.



Discentes: Qual a primeira atitude que a mulher deve tomar ao ser vitima de qualquer violência?E qual mensagem a senhora deixa para as mulheres?

Srª Aurenita: Ela deve denunciar em qualquer órgão competente e não se deixar enganar pelo agressor, pois sem punição eles não mudam. Buscar participar de campanhas, mostrar que estamos unidas e que não toleramos qualquer tipo de violência que seja. As mulheres não devem se calar e não sejam medrosas, o problema não é da vizinha que permite é de toda a sociedade que se cala, vamos amar o ser humano acolhendo-o, ocupemos lugares na sociedade e que façamos diferença na comunidade. O essencial, para homens e mulheres, é a consciência de que somos da mesma natureza e que as nossas diferenças (não são divergências) fazem parte da pluralidade de valores indispensáveis à edificação de uma sociedade sem preconceito, sem discriminação e sem violência.

 

Equipe: "Mulheres ou objetos?"



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A mulher na publicidade: um retrato da discriminação.


Se analisarmos as campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas, especialmente cerveja, produtos de limpeza, automóveis, desodorante masculino, identificaremos um ponto em comum a todas elas: há sempre uma mulher nelas. A mulher tem sido utilizada na publicidade por duas razões principais: pelo seu poder de influenciar a compra, criando uma identificação; e pelo seu poder de sedução, através de um objeto de desejo, em especial nas situações em que é utilizada apenas como elemento de decoração. Porém, invariavelmente, ela está destinada a papéis associados à família, com carga emocional e afetiva maior, ela aparece sempre desempenhando tarefas domésticas enquanto o homem desempenha papéis profissionais, com cargos executivos e uma dimensão social mais ascendente.


Essas campanhas apenas retratam e reforçam a violência contra a mulher existente na nossa sociedade que, infelizmente ainda é uma realidade que faz com que cada sexo tenha seu determinado papel social. Se não bastasse esse “papel principal” bastante discriminatório nas campanhas, muitas delas nem enxergam a mulher como um ser pensante, ver apenas um corpo sensual, capaz de apresentar o produto ao mesmo tempo em que ela própria é um produto, altamente persuasivo. Se não bastasse essa violência elas ainda retratam mulheres brancas, magras, jovens e bonitas reforçando um estereótipo1 de beleza feminina longe da realidade. O maior exemplo são as campanhas de cerveja. Esse é, aliás, o produto que mais reduz o corpo feminino ao consumo.


O que se esperaria de uma sociedade em pleno século XXI com muito mais informação, avanço tecnológico e acesso as mídias é um pouco mais de igualdade, com respeito às diferenças. Essa violência contra a mulher e seu papel na sociedade é hoje inconcebível uma vez que homens e mulheres possuem os mesmos direitos e deveres, e devem ser respeitados. Porém, discriminações como essa – ilustradas pelas campanhas abaixo, assim como as de raça, cor, religião, etc., são muito freqüentes e figuram como principais fatores estruturais das condições de pobreza e desigualdades sociais que ainda vemos no mundo de hoje.



Entrevista

Equipe: Ana Carla dos Santos, Conceição Araújo, Lorena Lins, Maria Regina Vieira, Priscila Matos.

     Nossa equipe entrevistou a psicóloga Clarissa de Almeida, recém formada pela UNIFACS, e trabalha em uma ONG infantil situada no bairro de Tubarão (Paripe)

 

 

1- Clarissa, o que é violência psicológica?

 

A violência psicológica consiste em um comportamento (não-físico) específico por parte do agressor. Muitas vezes, o tratamento desumano tais como: rejeição, depreciação, indiferença, discriminação, desrespeito, punições (exageradas) podem ser consideradas um grave tipo de violência.

 

2- Quais são as características básicas que identifica que, uma mulher está sendo vítima de violência psicológica?

 

Em geral, toda vez que provocam ações humilhantes a quem sofre, para gerar a ridicularização pública no ambiente onde ela se encontra.



3-Por quais motivos podemos acreditar que a mulher passou a ser objeto de propaganda?

 

Simplesmente pelo fato de sermos vistas como objetos de realização para todos os machões “ridículos” (risos)

 

 

4- Nas propagandas de cervejas, onde algumas marcas fazem uso de imagens femininas, estão ali forjadas violência contra a mulher? E como as identificamos?


 A imagem da mulher na propaganda – especialmente nos anúncios de cerveja – estava a merecer, e não é de hoje, um estudo mais sério. Já era hora de alguém tentar explicar porque beber cerveja só é um prazer completo quando os homens são cercados por mulheres seminuas. Elas são identificadas a todo o momento uma vez que mostra a imagem de mulheres perfeitas, lindas e satisfeitíssimas em aumentar o ego dos homens envolvidos, e a realidade das mulheres do século 21, é outra, essas propagandas ferem a minha moral, não fere a sua?

5- que motivos contribuem para que a mulher, vítima de atrocidades psicológicas, viva o sentimento de condescendência?

 

O fato de vivermos em um mundo machista, já é um fator, o fato de a cerveja ser um produto direcionado a eles aliado ao fato de sermos indispensáveis a vida deles é um outro fator, é como se fosse algum tipo de realização pessoal, como se eles passasem a ser desejados pelas lidas modelos das propagandas ao consumirem a cerveja!

 

6-Como a violência psicológica reflete na vida das mulheres violentadas?

 

Esta modalidade, muitas vezes não deixa (inicialmente) marcas visíveis em nós, mas podem levar à graves estados psicológicos e emocionais. Muitos destes estados podem se tornar irrecuperáveis em um indivíduo, de qualquer idade, antes saudável. Um estudo feito pela universidade de Londres atesta que 80% das mulheres que sofrem problemas psíquicos na fase adulta já sofreram algum tipo de violência psicológica na adolescência ou até mesmo na fase adulta.

 

7-Como deve proceder  uma mulher vítima de violência psicológica?

 

Assim como em qualquer outro tipo de violência sofrida pela mulher, elas devem dirigir-se a uma delegacia mais próxima e prestar um queixa. Sabemos que o quadro de violência psicológica ainda é “rejeitado” pelas autoridades porem se não houver uma divulgação por parte das mulheres, ela vai continuar...

 

quarta-feira, 25 de março de 2009

Equipe: "A violência contra a mulher"



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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


A mulher luta pela prática da igualdade de direitos entre homens e mulheres, porém ainda sofre com esse problema de forma mundial. Mesmo em países desenvolvidos é evidente a discriminação para com a mulher, independente de idade, grau de instrução e condição social.

São várias as formas que a mulher sofre violência, pois além da violência física e sexual, as mais conhecidas, existem também a violência emocional/moral, discriminação profissional, discriminação racial entre outras discriminações e violência do tipo religião, aparência, problemas de saúde física ou mental e etc. Sendo assim, não podemos ficar alheio a tudo isto ou passível sem tomar nenhuma providência para mudança. O que acontece é que a aceitação é ainda muito grande, pois a mídia tem o poder de divulgar a imagem da mulher como apenas um objeto e símbolo sexual. Aceitar tal fato é ser conivente com esta situação e contribuir para o aumento do índice da violência contra a mulher, sendo que a violência doméstica, aquela praticada pelo esposo ou companheiro, pai ou padrasto ou irmãos apresenta o maior índice de acordo com as pesquisas, onde entre 100 mulheres 25 sofrem violência física das quais 90% é dentro do ambiente familiar.

O papel da mulher é denunciar, libertar-se de tal prisão, reconhecer que ela tem condição para trabalhar, criar filhos, ser independente e ser feliz.

Mulher e homem guardam as suas diferenças, porém devem ter os mesmos direitos. A Constituição, a Lei Maria da Penha e Órgãos competentes trazem um apoio, porém a mudança deve ser cultural, ou seja, igualdade de direitos, respeito e valorização devem ser algo comum em nossa sociedade. Admitimos que a visão humana tenha evoluído muito da antiguidade para os dias atuais no que se refere ao papel da mulher na sociedade, contudo ainda precisamos crescer mais.



ENTREVISTA


Equipe: Daniela Alves, Joseane Figueredo, Josefa Lima e Lucimara Almeida



Perfil da entrevistada:


Nome: A.M.F.C.

Idade: 33 anos

Estado civil: casada

Escolaridade: 2° grau completo

Cidade: Salvador-BA

Bairro: Santa Cruz




Equipe: Para você o que é violência contra a mulher?

A.M.F. C: Acho que a violência contra a mulher é tudo que a agrida, a humilhe. Por que muitas vezes uma palavra machuca mais do que a agressão física


Equipe: As mulheres da sua família convivem com essa realidade?

A.M.F. C: Mais ou menos. Tenho uma tia que é casada a 25 anos e desde o início do casamento sofre agressão do meu tio... Meus primos já chegaram até a dar queixa dele e até mesmo ir pra cima dele, partir pra agressão mesmo... Mas não adianta! Na época que meu avô era vivo era tudo mascarado porque meu avô metia a colher mesmo, sempre procurava saber do motivo da briga, mas depois que meu avô faleceu ficou complicado, apesar da interferência dos meus primos.


Equipe: Você acha normal o marido bater na mulher?

A.M.F. C: Claro que não! Mas infelizmente é uma realidade pra mim. É algo que eu já espero por que é sempre sem motivo... E o fato dele ser alcoólatra contribui pra que as coisas aconteçam.


Equipe: O que você acha do ditado popular “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”?

A.M.F. C: É o ditado mais certo. Muitas vezes familiares ou até mesmo vizinhos, se mete em brigas de marido e mulher, e logo depois eles estão juntos de novo... Como já aconteceu comigo. Eu mesma já falei que iria denunciar meu marido várias vezes, mais não denunciei, não tive coragem.


Equipe: Quando uma mulher faz as pazes com o marido agressor ela esqueceu tudo que sofreu?

A.M.F. C: Não.


Equipe: Você sabia da existência da Lei Maria da Penha de proteção a mulher?

A.M.F. C: Mais ou menos. Já ouvir falar, mas não sabia que era para proteger a mulher.


Equipe: O que você como uma pessoa vítima de violência doméstica vem fazendo pra mudar essa realidade?

A.M.F. C: Nada. Por que eu dependo muito dele, meus filhos também. Se fosse eu sozinha já teria largado tudo... Mas não posso, por causas dos meus filhos. Não tenho como me sustentar, não trabalho, minha família também não pode me ajudar. Então tenho que viver agüentando as provações que a vida vem me dando.


Equipe: Em sua opinião, o que precisa ser feito para amenizar o problema da violência contra a mulher na sociedade atual?

A.M.F. C: Na verdade não sei. Mas acho que se tivesse um local, um abrigo em que a mulher e seus filhos ficassem até encontrar um trabalho, um novo lar, ajudaria muito.



Equipe: "A lei na lata!"



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A Lei na Lata!


A violência contra a mulher acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres. Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que geram a violência contra a mulher, na raiz de tudo estão à maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.


Em pleno século XXI e mulheres são agredidas violentamente pelos seus parceiros e muitas ainda sofrem abusos sexuais. Nos dias de hoje é ainda muito comum encontrar-mos casos de mulheres que sofrem agressões e que nada fazem para mudar essa situação. Muitas temem a denuncia e se calam, pelo simples fato de terem seus companheiros como único meio de sobrevivência, ou seja, por eles lhe oferecerem casa, comida, meios básicos de sobrevivência. As mulheres só procuram ajuda quando chegam ao seu limite, quando percebem que realmente estão correndo risco de vida. É algo inquestionável quando vimos mulheres sendo agredidas e se curvam diante da situação. A violência contra a mulher foi por muito tempo vista pela justiça brasileira como uma questão familiar, um fato da vida privada e familiar, hoje, porém, é crime e é responsabilidade do Estado.


Mesmo com a publicação da Lei Maria da Penha o crime contra a mulher não foi sanado e inúmeros casos são arquivados. A Lei não é apenas punitiva, mas também preventiva, é necessário que os homens sejam reeducados, onde estes busquem o engajamento pelo fim da violência. É necessário que a sociedade reavalie os valores que são atribuídos a meninos e meninas desde criança, para que quando adultos não comentam certos tipos de violência que são cultivadas desde cedo. A violência faz parte do meio em que se encontra o ser humano, das influências que se têm no decorrer da sua vida.



Entrevista com a Escrivã da DEAM

Eliana



Equipe: Laís Vasconcelos, Flávia Franco, Renata Leal, Anderson Silva e Jaynara.


1. Antes a Lei Maria da Penha punia os indivíduos que agrediam as mulheres com ajuda comunitária ou doações de cestas básicas. Hoje com a prisão em flagrante, aumentou ou diminuiu a violência?

Eliana: Com a Lei Maria da Penha se amenizou as ocorrências, mas acredito que ainda há muitos casos que não são registrados.


2. Como costumam chegar às mulheres agredidas na DEAM?

Eliana: Geralmente as mulheres chegam aqui quando já estão no seu limite e apresentam marcas nos corpos, olhos roxos, fragilizadas, buscando apoio e ajuda.


3. As maiorias das mulheres que são agredidas ameaçam denunciar o agressor, ainda assim elas sofrem ameaças de morte. Já aconteceu algum caso aqui na DEAM, onde a vitima foi a óbito por ter denunciado o agressor?

Eliana: Sim. Já tivemos um caso onde a mulher denunciou a agressão, mas logo depois retirou a queixa, e tempo depois ficamos sabendo do seu falecimento.


4. Qual o principal motivo que levam os agressores a agirem de forma tão violenta?

Eliana: Não se tem um motivo concreto, certo, porque qualquer coisa pode ser um motivo, mas creio que entre os principais estão, o ciúme, as drogas ilegais e o álcool.


5. Muitas mulheres são agredidas, vão a DEAM, denunciam e voltam atrás. Esse tipo de atitudes por parte das vítimas é freqüente? O que elas mais argumentam?

Eliana: Sim. Mulheres chegam aqui denunciam e depois voltam para retirar a denuncia, alegando que eles não iram repetir o ato, que ainda gosta deles, que não tem como criar os filhos, que dependem deles financeiramente. Na verdade muitas se iludem acham que com a queixa retida ele irá mudar.


6. Quando atuados em flagrantes o que costumam dizer os agressores?

Eliana: Reagem agressivamente dizendo que só estão conversando, que ela partiu para cima dele primeira ou que a mulher é dele (eles tratam as mulheres como propriedade) que não é pra nos metermos que é uma briga de casal, como qualquer outra.






Equipe: "Violência doméstica"





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Um basta para violência doméstica


A violência contra a mulher não está restrita a um determinado meio, não escolhe raça, idade ou condição social. A grande diferença é que também está presente entre as pessoas de maior poder aquisitivo. As mulheres acabam se calando contra a violência recebida, talvez por medo, vergonha e até mesmo por dependência financeira.


Muitas vezes a violência está presente na vida das mulheres desde a infância e com isso o trauma e o medo da denúncia vão crescendo junto com a vítima. Esse medo que é adquirido devido às agressões, às vezes, é difícil de transmitir ou de ser descoberto.


A violência doméstica é considerada uma das mais comuns pela sociedade, mas não é por isso que não deve ser denunciada. Com isso, no ano de 2006 foi criada a Lei Nº. 11.340, a Lei Maria da Penha, após a criação dessa Lei as mulheres violentadas passaram a ter maior proteção e liberdade de expressão.


Indubitavelmente, pode-se afirmar que a Lei Maria da penha está ai para todas, só resta à coragem para denunciar que sofreu esse tipo de violência. A liberdade e a justiça são um bem que necessita de condições essenciais para que floresça, pois ninguém vive sozinho. Devemos cultivar a vida, denunciando todos os tipos de agressões sofridas.




Tema: Violência Doméstica


Entrevista com M.C.P. (Não quiz se identificar), de 46 anos, divorciada. Mora na cidade de Simões Filho – Ba. Possui dois filhos.


Equipe: Milene Gonçalves, Nariele Silva, Emanuel de Jeseus, Cássio da Paz e Paulo Rodrigo


  1. Qual sua primeira experiência de vida com relação à Violência Doméstica?

Fui casada por 12 anos, sofri violência doméstica, física e psicológica. Essas agressões começaram logo após o nascimento do meu primeiro filho.


  1. Seu ex-marido era uma pessoa muito violenta e chegou a ameaçá-la de morte?

Sim, pois quando eu ameaçava que iria denunciá-lo ele dizia que se eu o denunciasse ele me mataria.


  1. Qual era o principal motivo das agressões?

Era o ciúme, meu ex-marido tinha ciúme das minhas amigas, das vizinhas e até dos familiares.


  1. Como foi a última agressão que levou a Senhora a dar um basta em tudo isso?

Quando ele me agrediu simplesmente por eu ter dado bom dia a um irmão dele de 14 anos, pelo qual ele não gostava.


  1. Qual foi sua primeira atitude ao estar decidida a denunciá-lo?

Me informei com algumas amigas e elas me apoiaram a procurar a delegacia da mulher.


  1. Qual sua dificuldade para tomar essa decisão?

Por medo das ameaças, vergonha dos meus familiares e por questões econômicas.


  1. Seus filhos sabem que a Senhora era violentada pelo próprio pai?

Sim, as crianças cresceram vendo ele me agredir. A primeira surra que ele me deu, minha filha ainda bebê gritava parecia que ela estava sentindo a dor.


  1. Após a denúncia, qual a reação dos seus filhos?

Eles me apoiaram e logo de imediato se afastaram definitivamente do pai.


  1. De que forma a Senhora pode contribuir para que outras mulheres possam tomar essa mesma atitude?

Eu tento conscientizar outras mulheres que nós não temos necessidade nenhuma de ficar sofrendo por certos tipos de homens, seja qual for a dependência que tiverem em relação a eles.


  1. Como a Senhora descreveria em poucas palavras essa experiência?

Traumatizante, porém hoje me sinto mais forte e segura.



Para alguns (homens), a prática de atos cruéis é a única forma de se impor como homem”.
Alba Zaluar.






Equipe: "O custo da violência"



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Violência Contra A Mulher


Temos que nos perguntar diariamente: por que devemos votar nas eleições, mesmo que seja no domingo em que poderíamos estar descansado de nossa jornada dupla, tripla, etc? Temos que nos perguntar diariamente: por que temos que procurar estudar o máximo que pudermos para galgarmos posições melhores em nossos trabalhos? Temos que nos perguntar diariamente: por que falar sobre assuntos tão desagradáveis, como a violência contra as mulheres, se já estamos cansados de ouvir falar sobre isto e já existe até “uma tal” Lei Maria da Penha?


Não podemos esquecer que antes dos movimentos feministas, coisas que atualmente são normais, tais como o direito ao voto e a ter propriedades, a cem anos atrás seria visto como algo insensato e até passível de punições. O Movimento Feminista foi responsável pelo direito ao voto, mais oportunidades de trabalho para as mulheres, salários mais próximos aos dos homens, direito ao divórcio e ao controle do próprio corpo.


Temos que LEMBRAR, pois o que não é discutido, um dia será esquecido. Temos que lembrar, que muitas mulheres foram agredidas e até mortas por lutarem pela igualdade de direitos. temos que lembrar, que se votamos hoje é por causa destas mulheres. temos que lembrar, que não podemos desistir de lutar pelos ideais de igualdade em todos planos. temos que lembrar, o que é imposto pela força, pode ser derrubado pela razão.


Para que a Lei n.º 11.340/2006 existisse hoje, foi necessária uma longa e árdua batalha contra o preconceito, o descaso e a passionalidade da justiça brasileira, e graças a luta incansável de uma mulher que teve todos os motivos para desistir, mas NÃO DESISTIU, temos uma nova arma contra a violência, mas não devemos nos contentar com isto, pois se faz necessário estarmos vigilantes para que esta não seja apenas mais uma Lei “pra inglês ver”.



Entrevista com a assessora Cíntia Dias da Secretaria da Mulher de Camaçari


Equipe: Bruno Fonseca, Gleivison Azevedo, Cláudia Camargo, Crislaine Araújo e Fabiane Safira


  1. Porque se criar uma secretaria para as mulheres?

Criar secretarias faz parte de uma diretriz federal da SPM (Superintendência de políticas para as Mulheres) baseado no plano nacional de política para a mulher, evidenciando os interesses da mulher brasileira no combate a violência, saúde, educação e emprego.

  1. Como a secretaria funciona?

A secretaria age no apoio as mulheres cadastradas, ou quem sofreram algum tipo de violência, oferecendo apoio Psico-social, jurídico e com projetos de capacitação.

  1. Quais são os projetos dessa secretaria?

A secretaria conta com um projeto chamado “Mulher Cidadã”, um projeto que oferece capacitação em diversos cursos profissionalizante, onde recentemente capacitamos 418 baianas de acarajé.

  1. O orçamento público do município atende as necessidades financeiras da instituição?

Sim, o município de Camaçari possui um orçamento denominado “Orçamento Participativo”, onde tanto a secretaria como as mulheres possuem voz ativa na elaboração do orçamento público, que atende de forma eficiente as necessidades financeiras da secretaria.

  1. Violência contra a mulher é uma questão de políticas públicas?

Claro, todos os assuntos relacionados à violência contra a mulher é uma questão de saúde publica e deve ser tratado como tal, o atual governo do Lula tem demonstrado certo interesse no assunto. Porém, esperamos mais visibilidade, de modo a estimular o debate e ações que ampliem a presença feminina nos espaços de poder e tomada de decisão.