Pobre ou rica, branca ou negra, a dor é a mesma.
A violência contra a mulher é um assunto que precisa ser tratado com seriedade. Pois, trata-se de um fenômeno generalizado que não distingue raça, classe social ou religião.
A essa violência dar-se o nome de violência de gênero, ou seja, violência na qual a mulher se “submete” ao homem pelo simples fato de ela ser mulher.
Como dizem muitos teóricos “a mulher não nasce mulher ela se torna mulher”, onde a sociedade e a cultura desta que vão determinar no seu comportamento. O homem na visão cultural tem o papel de dominador e a mulher muitas vezes de submissa, essa visão é a responsável pelo aumento do índice de violência contra mulher na atualidade.
Um fator que nos deve também preocupar é a impunidade dos agressores, mesmo com a Lei Maria da Penha, muitas mulheres se sentem oprimidas em prestar queixa e as que fazem quase nunca os casos que terminam nos tribunais. Assim, na nossa óptica esses crimes reside no fato de não ter uma sensibilização da sociedade, onde ainda vinga a idéia de que “entre marido e mulher não se deve meter a colher”. Essa visão individualista faz com que aumente o índice de dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade em público ou na vida privada, assim como castigos, maus tratos, pornografia, agressão sexual, incesto e muitas vezes a morte.
Entrevista
Equipe: Írmina Lopes, Mariana Strappa, Julie Nascimento, Alana Santos e Larissa Carneiro
Local: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) – Camaçari- Bahia
Entrevistada: Eulina Maria dos Santos Santana.
Cargo: Escrivã.
1. Qual a agressão contra as mulheres que ocorre com maior freqüência?
E.M.S.S: Ameaça. Ameaça de morte. Depois vem a lesão corporal.
2. As ocorrências tem maior incidência com mulheres negras ou brancas?E elas se enquadram em qual classe social?
E.M.S.S: Negras (pausa). Com certeza. Inclusive, com a classe econômica mais baixa, acho que seja por uma questão de educação mesmo.
3. Qual a prioridade na hora do atendimento as mulheres?
E.M.S.S: Caso elas cheguem lesionadas, a primeira prioridade é leva-las ao hospital. Depois, as mesmas retornam e prestam sua queixa.
4. Há incidências de mulheres, que após a denuncia tirem a ocorrência? E porque isso acontece?
E.M.S.S: Sim. Pois, em alguns casos, elas vem aqui só para uma conversa, uma orientação.
5. Qual a aplicação da pena para os agressores?
E.M.S.S: Se for pego em flagrante, é diretamente preso. Caso não seja em flagrante, ele é chamado para um interrogatório, prestar um depoimento e, em alguns casos, é encaminhado ao fórum.
6. Comente sobre as mudanças que ocorreram depois da aplicação da Lei Maria da Penha.
E.M.S.S: A partir da Lei Maria da Penha, o aumento de casos de denúncia foi bastante visível. Estima-se que as “agredidas” se sentiram mais protegidas para denunciarem seus agressores. Depois da lei aplicou-se uma medida de distanciamento entre ambos.