quinta-feira, 26 de março de 2009

Equipe: "Ofensas sonora"


TEXTO


                 Violência Contra Mulher               

Ofensas Sonoras

 

Há um vasto repertório com letras que ofendem a integridade física, psicológica, social e intelectual da mulher, e consequentemente incitam à violência. As músicas com conotação pejorativa podem até não se enquadrar no código penal brasileiro, mas indubitavelmente lesam a moral e reproduzem o estigma de inferioridade e subordinação da mulher em relação ao homem.

Se na contemporaneidade as mulheres não são mais obrigadas a viver em circunstâncias de subserviência, são constitucionalmente reconhecidas e protegidas como cidadãs. Seguramente essas conquistas se devem à luta incessante da mulher, e claro que jamais deve deixar de ser lembrado o dia 08 de março de 1857 quando mulheres foram trancadas numa fábrica de tecido, situada em Nova York - Estados Unidos, e queimadas vivas por reivindicarem melhores condições de trabalho.

As músicas como "tapa na cara”, "tapinha", "eu beijo ela vestida pra comê pelada" são algumas de um vastíssimo repertório de músicas que podem até ter um ritmo envolvente, mas as letras banalizam a violência contra mulher, atentam contra integridade das mesmas, além de serem impregnadas de uma forte conotação sexual.

Já dizia o filósofo francês Jean Paul Sartre “a violência sob qualquer forma que se manifeste é um fracasso”. Portanto, essas músicas que ofendem a mulher são irrefutavelmente mais fracasso que afeta não só as mulheres, mas toda a sociedade. A história de luta das Mulheres que foi construída de forma brilhante ao longo dos tempos não pode, nem deve ser afetada com essas músicas, isso indiscutivelmente é um retrocesso.


Entrevista

Equipe: Mirian, Josi Mirele, Elânia, Vanize, Isana

Aurenita Ferreira Nunes Castilho, 54 anos, é pedagoga e por mais de 6 anos foi professora da rede municipal de ensino, que responde pela gestão da Secretaria da Mulher, merecem citação os projetos Mulher Cidadã e a capacitação das baianas de acarajé. Realizou a Feira da Mulher e inseriu no calendário de atividades de Camaçari a Marcha da Mulher além da 1ª Conferência Municipal de Política para as Mulheres, Marcha de Mulheres A secretária da Mulher, e anunciou obras e projetos para 2009. Estão previstas a ampliação dos serviços oferecidos na orla e a construção do Centro de Referência da Mulher Yolanda Pires. O local irá garantir orientação jurídica, atendimento psicológico, oficinas, palestras e atividades lúdicas.

Mostrando muito equilíbrio e conhecimento, Aurenita respondeu as perguntas que lhe foram feitas, pelas Discentes do Curso de Bacharelado de Ciências Contábeis da UNEB do Campus XIX Camaçari,, que classifica esta, como uma das melhores entrevistas, em termos de segurança do entrevistado em suas respostas e paixão pelo trabalho.

                                                      

Discentes: Como ocorreu o convite para a senhora ocupar  o cargo de Diretora da Secretária da Mulher na cidade de Camaçari? A senhora já almejava por esse convite?

Srª Aurenita Ferreira: Já vinha trabalhando na área de assistência na Casa da Criança, onde realizei um bom trabalho, participei do movimento político como Candidata por duas vezes, pois acredito que a mulher deve ocupar um cargo político e realizar benefícios através dele para fortalecer e ajudar o movimento feminino a se libertar da violência e da falta de oportunidade que a mulher sofre em virtude da discriminação no mercado de trabalho, as mulheres devem se unir e buscar a oportunidade de se mostrar no cenário como um ser forte que é demonstrando suas habilidades e competência. Não posso dizer que não, pois a Secretaria era uma conquista que há muitos anos era aguardada pelas mulheres de Camaçari e com muito apoio do prefeito Caetano no seu governo em prol do povo de Camaçari, esse sonho se realizou.

Discentes: Qual a  análise que a senhora faz da situação da VCM, na cidade de camaçari, antes da Secretaria ser inaugurada.E hoje, como as denuncias se encontram?

Srª Aurenita Ferreira: Bem, no começo as mulheres tinham vergonha de fazerem as denuncias e quando isso acontecia pouco tempo depois elas voltavam para retirar as queixas, pois faziam as pazes e o seu agressor prometia mudanças. Mas isso quase sempre durava pouco tempo e logo elas retornavam agredidas e dispostas a mudanças a qual oferecíamos orientação psicológica, jurídica, algumas vezes abrigo, alimentação, medica, e houveram outros casos em que tivemos que mudá-las de cidade, e ate o momento apenas uma foi assassinada. Aqui não obrigamos que a mulher faça qualquer coisa, orientamos e apoiamos de acordo com o que a justiça permite. Agora com a Delegacia e a Lei Maria da Penha não se pode retirar as queixas e com isso diminuiu  as ocorrências de agressões.As mulheres estão mais corajosas a denuncia e buscar seus direitos.

Discentes: Como ocorre a capacitação e a orientação dos funcionários da Secretaria para recepcionar essas mulheres que chegam agredidas.?

Srª Aurenita: A orientação e a capacitação são fundamentais, mas alem disso exijo que todos recebam a pessoa, ou a família ou ate mesmo aquele que vem denunciar com sorriso e humanidade. Pós são os contribuintes que pagam nossos salários e não tem culpa da agressividade a qual esta sujeitada. Muitas dessas mulheres se sujeitam a violência por não terem condições de sobrevivência, analfabetas, sem emprego, com filhos, e às vezes sem familiar. Então não estamos aqui para julgar e sim para ajudá-las a resolver seus problemas.

Discentes: Com base nas necessidades das mulheres agredidas, do município, quais as primeiras ações a serem tomadas?

Srª Aurenita: O município de Camaçari é uma cidade que recebe muita gente de fora. Nós temos uma migração muito forte. E por conta disso os problemas sociais são muito grandes. As pessoas vêm para cá em busca de emprego, mas muitas vezes, pela falta de qualificação, não conseguem se empregar. Com isso ficam vivendo em condições sub-humanas, sem ter onde morar, crianças ficam a mercê da fome e da violência, pais de família em subempregos ou em sem emprego nenhum. Por tudo isso Camaçari é uma cidade que tem problemas sociais muito graves, mas que também não justifica a violência, por isso o primeiro passo é analisar a situação inicial da agredida e encaminhar aos setores competentes, a delegacia, e orientação psicológica, psicopedagoga, jurídica, e capacitar essas mulheres para que elas possam manter sua sobrevivência e inserir no mercado de trabalho.

Discentes: Assim como existem vários tipos de violências, há também diferentes tipos de punir o agressor?Qual o tipo de violência mais freqüente ocorridas no município?

Srª Aurenita: Com certeza vamos procurar trabalhar agregando todo esforço e trabalho existente com a delegacia, onde ira prever qual a determinação judicial deve classificar essa VCM, o agressor pode receber de uma intimação uma conversa com a psicóloga até mesmo voz de prisão de acordo com o grau da violência. Aqui na Secretaria a violência mais freqüente é a psicológica, enquanto Já delegacia da mulher os atos mais graves são registrados com mais freqüência.



Discentes: Qual a primeira atitude que a mulher deve tomar ao ser vitima de qualquer violência?E qual mensagem a senhora deixa para as mulheres?

Srª Aurenita: Ela deve denunciar em qualquer órgão competente e não se deixar enganar pelo agressor, pois sem punição eles não mudam. Buscar participar de campanhas, mostrar que estamos unidas e que não toleramos qualquer tipo de violência que seja. As mulheres não devem se calar e não sejam medrosas, o problema não é da vizinha que permite é de toda a sociedade que se cala, vamos amar o ser humano acolhendo-o, ocupemos lugares na sociedade e que façamos diferença na comunidade. O essencial, para homens e mulheres, é a consciência de que somos da mesma natureza e que as nossas diferenças (não são divergências) fazem parte da pluralidade de valores indispensáveis à edificação de uma sociedade sem preconceito, sem discriminação e sem violência.

 

2 comentários:

  1. Espero que as mulheres busquem ouvir as letras das músicas primeiro e depois consagre esta ou aquela como dançante.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com Miriam, pois o ritmo é delicioso mesmo, mas tem que selecionar. Existem músicas como, por exemplo, Liberar Geral, do Terra Samba, que é muito boa, dançante e agride à mulher. Ponto pro Terra! Quanto a entrevista acho que está excelente.

    ResponderExcluir