quinta-feira, 26 de março de 2009

Equipe: "Não há diferença"


TEXTO

Pobre ou rica, branca ou negra, a dor é a mesma.

 

A violência contra a mulher é um assunto que precisa ser tratado com seriedade. Pois, trata-se de um fenômeno generalizado que não distingue raça, classe social ou religião.

A essa violência dar-se o nome de violência de gênero, ou seja, violência na qual a mulher se “submete” ao homem pelo simples fato de ela ser mulher.

Como dizem muitos teóricos “a mulher não nasce mulher ela se torna mulher”, onde a sociedade e a cultura desta que vão determinar no seu comportamento. O homem na visão cultural tem o papel de dominador e a mulher muitas vezes de submissa, essa visão é a responsável pelo aumento do índice de violência contra mulher na atualidade.

Um fator que nos deve também preocupar é a impunidade dos agressores, mesmo com a Lei Maria da Penha, muitas mulheres se sentem oprimidas em prestar queixa e as que fazem quase nunca os casos que terminam nos tribunais. Assim, na nossa óptica esses crimes reside no fato de não ter uma sensibilização da sociedade, onde ainda vinga a idéia de que “entre marido e mulher não se deve meter a colher”. Essa visão individualista faz com que aumente o índice de dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, inclusive ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade em público ou na vida privada, assim como castigos, maus tratos, pornografia, agressão sexual, incesto e muitas vezes a morte.


Entrevista

Equipe: Írmina Lopes, Mariana Strappa, Julie Nascimento, Alana Santos e Larissa Carneiro


Local: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) – Camaçari- Bahia

Entrevistada: Eulina Maria dos Santos Santana.

Cargo: Escrivã.

 

 

1. Qual a agressão contra as mulheres que ocorre com maior freqüência?

E.M.S.S: Ameaça. Ameaça de morte. Depois vem a lesão corporal.

 

2. As ocorrências tem maior incidência com mulheres negras ou brancas?E elas se enquadram em qual classe social?

E.M.S.S: Negras (pausa). Com certeza. Inclusive, com a classe econômica mais baixa, acho que seja por uma questão de educação mesmo.

 

3. Qual a prioridade na hora do atendimento as mulheres?

E.M.S.S: Caso elas cheguem lesionadas, a primeira prioridade é leva-las ao hospital. Depois, as mesmas retornam e prestam sua queixa.

 

4. Há incidências de mulheres, que após a denuncia tirem a ocorrência? E porque isso acontece?

E.M.S.S: Sim. Pois, em alguns casos, elas vem aqui só para uma conversa, uma orientação.

 

5. Qual a aplicação da pena para os agressores?

E.M.S.S: Se for pego em flagrante, é diretamente preso. Caso não seja em flagrante, ele é chamado para um interrogatório, prestar um depoimento e, em alguns casos, é encaminhado ao fórum.

 

6. Comente sobre as mudanças que ocorreram depois da aplicação da Lei Maria da Penha.

E.M.S.S: A partir da Lei Maria da Penha, o aumento de casos de denúncia foi bastante visível. Estima-se que as “agredidas” se sentiram mais protegidas para denunciarem seus agressores. Depois da lei aplicou-se uma medida de distanciamento entre ambos.

2 comentários:

  1. Muitas teóricas, sobretudo as feministas, citam esse fragmento: "não se nasce mulher, torna-se mulher". Essa frase é da filósofa francesa, Simone de Beauvoir, do livro O Segundo Sexo, de 1949. A idéia é a de que a identidade feminina não é um dado biológico, mas construído, modelado pela sociedade que dita como a mulher deve se comportar para ser tratada e vista como mulher, mas não há uma essência universal (me permitam a redundãncia).

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  2. Eu devo entender que a violência contra a mulher na visão de vocês existe por conta de uma cultura que hierarquiza as relações entre os sexos, a impunidade em relação ao agressor e a falta de sensibilização.

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