quarta-feira, 25 de março de 2009

Equipe: "A lei na lata!"



TEXTO


A Lei na Lata!


A violência contra a mulher acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres. Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que geram a violência contra a mulher, na raiz de tudo estão à maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.


Em pleno século XXI e mulheres são agredidas violentamente pelos seus parceiros e muitas ainda sofrem abusos sexuais. Nos dias de hoje é ainda muito comum encontrar-mos casos de mulheres que sofrem agressões e que nada fazem para mudar essa situação. Muitas temem a denuncia e se calam, pelo simples fato de terem seus companheiros como único meio de sobrevivência, ou seja, por eles lhe oferecerem casa, comida, meios básicos de sobrevivência. As mulheres só procuram ajuda quando chegam ao seu limite, quando percebem que realmente estão correndo risco de vida. É algo inquestionável quando vimos mulheres sendo agredidas e se curvam diante da situação. A violência contra a mulher foi por muito tempo vista pela justiça brasileira como uma questão familiar, um fato da vida privada e familiar, hoje, porém, é crime e é responsabilidade do Estado.


Mesmo com a publicação da Lei Maria da Penha o crime contra a mulher não foi sanado e inúmeros casos são arquivados. A Lei não é apenas punitiva, mas também preventiva, é necessário que os homens sejam reeducados, onde estes busquem o engajamento pelo fim da violência. É necessário que a sociedade reavalie os valores que são atribuídos a meninos e meninas desde criança, para que quando adultos não comentam certos tipos de violência que são cultivadas desde cedo. A violência faz parte do meio em que se encontra o ser humano, das influências que se têm no decorrer da sua vida.



Entrevista com a Escrivã da DEAM

Eliana



Equipe: Laís Vasconcelos, Flávia Franco, Renata Leal, Anderson Silva e Jaynara.


1. Antes a Lei Maria da Penha punia os indivíduos que agrediam as mulheres com ajuda comunitária ou doações de cestas básicas. Hoje com a prisão em flagrante, aumentou ou diminuiu a violência?

Eliana: Com a Lei Maria da Penha se amenizou as ocorrências, mas acredito que ainda há muitos casos que não são registrados.


2. Como costumam chegar às mulheres agredidas na DEAM?

Eliana: Geralmente as mulheres chegam aqui quando já estão no seu limite e apresentam marcas nos corpos, olhos roxos, fragilizadas, buscando apoio e ajuda.


3. As maiorias das mulheres que são agredidas ameaçam denunciar o agressor, ainda assim elas sofrem ameaças de morte. Já aconteceu algum caso aqui na DEAM, onde a vitima foi a óbito por ter denunciado o agressor?

Eliana: Sim. Já tivemos um caso onde a mulher denunciou a agressão, mas logo depois retirou a queixa, e tempo depois ficamos sabendo do seu falecimento.


4. Qual o principal motivo que levam os agressores a agirem de forma tão violenta?

Eliana: Não se tem um motivo concreto, certo, porque qualquer coisa pode ser um motivo, mas creio que entre os principais estão, o ciúme, as drogas ilegais e o álcool.


5. Muitas mulheres são agredidas, vão a DEAM, denunciam e voltam atrás. Esse tipo de atitudes por parte das vítimas é freqüente? O que elas mais argumentam?

Eliana: Sim. Mulheres chegam aqui denunciam e depois voltam para retirar a denuncia, alegando que eles não iram repetir o ato, que ainda gosta deles, que não tem como criar os filhos, que dependem deles financeiramente. Na verdade muitas se iludem acham que com a queixa retida ele irá mudar.


6. Quando atuados em flagrantes o que costumam dizer os agressores?

Eliana: Reagem agressivamente dizendo que só estão conversando, que ela partiu para cima dele primeira ou que a mulher é dele (eles tratam as mulheres como propriedade) que não é pra nos metermos que é uma briga de casal, como qualquer outra.






2 comentários:

  1. Correção: autuados e não atuados em flagrante. O verbo ir na terceira pessoa do plural futuro simples do indicativo é irão.

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  2. Bom material. Achei muito importante a fala da escrivã sobre o falecimento da mulher que retiou a queixa. Isso mostra que uma atitude de arrependimento, nessas circunstâncias, pode ser fatal.

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