quarta-feira, 25 de março de 2009

Equipe: "Violência doméstica"





TEXTO

Um basta para violência doméstica


A violência contra a mulher não está restrita a um determinado meio, não escolhe raça, idade ou condição social. A grande diferença é que também está presente entre as pessoas de maior poder aquisitivo. As mulheres acabam se calando contra a violência recebida, talvez por medo, vergonha e até mesmo por dependência financeira.


Muitas vezes a violência está presente na vida das mulheres desde a infância e com isso o trauma e o medo da denúncia vão crescendo junto com a vítima. Esse medo que é adquirido devido às agressões, às vezes, é difícil de transmitir ou de ser descoberto.


A violência doméstica é considerada uma das mais comuns pela sociedade, mas não é por isso que não deve ser denunciada. Com isso, no ano de 2006 foi criada a Lei Nº. 11.340, a Lei Maria da Penha, após a criação dessa Lei as mulheres violentadas passaram a ter maior proteção e liberdade de expressão.


Indubitavelmente, pode-se afirmar que a Lei Maria da penha está ai para todas, só resta à coragem para denunciar que sofreu esse tipo de violência. A liberdade e a justiça são um bem que necessita de condições essenciais para que floresça, pois ninguém vive sozinho. Devemos cultivar a vida, denunciando todos os tipos de agressões sofridas.




Tema: Violência Doméstica


Entrevista com M.C.P. (Não quiz se identificar), de 46 anos, divorciada. Mora na cidade de Simões Filho – Ba. Possui dois filhos.


Equipe: Milene Gonçalves, Nariele Silva, Emanuel de Jeseus, Cássio da Paz e Paulo Rodrigo


  1. Qual sua primeira experiência de vida com relação à Violência Doméstica?

Fui casada por 12 anos, sofri violência doméstica, física e psicológica. Essas agressões começaram logo após o nascimento do meu primeiro filho.


  1. Seu ex-marido era uma pessoa muito violenta e chegou a ameaçá-la de morte?

Sim, pois quando eu ameaçava que iria denunciá-lo ele dizia que se eu o denunciasse ele me mataria.


  1. Qual era o principal motivo das agressões?

Era o ciúme, meu ex-marido tinha ciúme das minhas amigas, das vizinhas e até dos familiares.


  1. Como foi a última agressão que levou a Senhora a dar um basta em tudo isso?

Quando ele me agrediu simplesmente por eu ter dado bom dia a um irmão dele de 14 anos, pelo qual ele não gostava.


  1. Qual foi sua primeira atitude ao estar decidida a denunciá-lo?

Me informei com algumas amigas e elas me apoiaram a procurar a delegacia da mulher.


  1. Qual sua dificuldade para tomar essa decisão?

Por medo das ameaças, vergonha dos meus familiares e por questões econômicas.


  1. Seus filhos sabem que a Senhora era violentada pelo próprio pai?

Sim, as crianças cresceram vendo ele me agredir. A primeira surra que ele me deu, minha filha ainda bebê gritava parecia que ela estava sentindo a dor.


  1. Após a denúncia, qual a reação dos seus filhos?

Eles me apoiaram e logo de imediato se afastaram definitivamente do pai.


  1. De que forma a Senhora pode contribuir para que outras mulheres possam tomar essa mesma atitude?

Eu tento conscientizar outras mulheres que nós não temos necessidade nenhuma de ficar sofrendo por certos tipos de homens, seja qual for a dependência que tiverem em relação a eles.


  1. Como a Senhora descreveria em poucas palavras essa experiência?

Traumatizante, porém hoje me sinto mais forte e segura.



Para alguns (homens), a prática de atos cruéis é a única forma de se impor como homem”.
Alba Zaluar.






3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Correção: quis se identificar e não "quiz se identificar".

    Comparei a fala dessa mulher com a de uma outra anterior, de outra equipe. Enquanto a outra procurava justificar a sua subordinação, esta diz que nada justifica a agressão, nenhuma dependência, seja lá qual for.

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  3. Sem dúvida a agressão verbal, psicológica, as palavras humilhantes e desqualificadoras iniciam o processo de medo, levando as mulheres a aceitarem a sua condição. Quando elas rompem com essa situação, sentem-se mais fortalecidas e não é pra menos.

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